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Livro 3
Memórias de Glenio Bianchetti
organizadas por Ailema Bianchetti
1973 – 1976
Este é um livro particular, entre todos. Um livro de um projeto. O livro da volta a Bagé. Em 1973, realiza-se a mostra “Quatro de Bagé”, na Fundação Áttila Taborda, na sua cidade natal. A partir daí começa a ser gestado um encontro de artistas brasileiros na campanha gaúcha, organizado por eles. Em 1975, o jornal da cidade estampa a seguinte manchete “Grupo de Bagé e outros pintores farão acampamento artístico aqui”. Era o Encontro Nacional de Artistas Plásticos, que tinha uma formatação nada comum para os anos 70. Os artistas vinham para pequenas residências artísticas nas estâncias do município. Os anfitriões bageenses queriam que eles tomassem contato com a realidade do lugar e a discussão se daria em torno desta contaminação que o meio faria nos diferentes trabalhos. De certa forma, e aí está a grande importância do Encontro, os autores da ideia se reapresentavam a seus pares (e a seu próprio trabalho nascido ali) através de uma experiência imersiva deste sul tão desconhecido pelos brasileiros. Além dessa bem-vinda “ousadia”, são muito interessantes - e necessitados de um mergulho mais profundo - os resultados das discussões que se desenvolveram em paralelo ao trabalho plástico. Do encontro surge um manifesto em defesa da arte brasileira. Com o fim dos dias de encontro, os criadores do evento já afirmam que este não é o final, mas sim o começo da discussão em torno da arte que vinham produzindo. Parece ser também uma tomada de posição política em prol da discussão das raízes, de onde se fala para o mundo (um tema que de diferentes maneiras se mantém vivo até hoje).
Em 1976, após este encontro, começam a ser publicados no Correio do Povo (Antonio Hohlfeldt), em parceria com a Folha da Manhã (Angélica de Moraes), ambos jornais de Porto Alegre, uma série de nove artigos com vários depoimentos, que vão formar a sua história. De certa forma era um exercício de revisitar a arte moderna brasileira em um ponto de vista meridional, ainda não explorado. Os artigos são: Grupo de Bagé I – “O importante hoje é fazer uma arte nacional”, diz o depoimento; Grupo de Bagé II – O fundamental é descobrir o Brasil e documentar o que está acabando; Grupo de Bagé III – A necessidade de se preservar a vida em todos os lugares e manifestações; Grupo de Bagé IV – As primeiras noções de pintura e o ambiente do Estado nos anos 40; Grupo de Bagé V – Portinari era a continuidade da busca de um conteúdo brasileiro; Grupo de Bagé VI – A arte moderna: o público ria e cortava as obras com gilete; Grupo de Bagé VII – A grande fidelidade artística de Danúbio Gonçalves; Grupo de Bagé VIII – Bases formais vêm da Europa ou do modernismo brasileiro; Grupo de Bagé IX – Aos poucos nasceu a consciência de que o lugar de todos era aqui. Do encontro dos artistas, reunidos no Museu Dom Diogo de Souza, nasce a ideia de criar o Museu da Gravura Brasileira, na cidade, inaugurado em 1977, com uma mostra do Grupo de Bagé.
Há um outro artigo que aparece junto à série com esta manchete: “Uma arte em busca do povo”. A pintura e a gravura de Glenio incorporam aí, já com outra linguagem, aquela paisagem e aquelas figuras inconfundíveis do pampa das suas tão conhecidas e apreciadas gravuras em linóleo, dos anos 50. Glenio voltava para o sul.
Marília Panitz
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