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Livro 6

Memórias de Glenio Bianchetti
organizadas por Ailema Bianchetti
2000-2009

Em um artigo, no Caderno Pensar do Correio Braziliense, uma página dupla busca desvendar o artista para os leitores. Não é uma tarefa tão difícil, pois ele nunca se recusou a generosamente compartilhar seu processo de criação e suas ideias sobre o fazer artístico. Mas chama a atenção a série de fotos que acompanha seus gestos, seus belos estudos, sempre em folhas A3, onde ele ia sequenciando uma série de croquis até “achar” o seu futuro quadro, as misturas na paleta deste que era um colorista impressionante. Estão ali, na sequência de capturas fotográficas, os materiais que ele usava como carimbo sobre as telas, as diferentes densidades da tinta, as fitas adesivas que determinavam os campos de cor e muitos outros quadros à sua volta, um repertório nas paredes. Sim, e a luz do ateliê... e a paisagem através das janelas... Eis a receita de sua mágica. Seguindo a série de livros, podemos acompanhar estas publicações de jornais com páginas dedicadas ao artista, desde os anos 1950, em Porto Alegre. Acompanhando tais perfis, podemos compreender seu percurso que foi compartilhado com tantos leitores. Não é pouco.

Em finais de 2004 e durante 2005, uma significativa exposição do artista percorreu os conjuntos culturais da Caixa de Brasília, Rio, São Paulo e Curitiba. No ano seguinte, a mostra seguiu para Porto Alegre.  Com caráter retrospectivo, a exposição nasceu da pesquisa para um livro, lançado em sua abertura e que abrangia uma seleção de obras em diversas técnicas, contemplando os seus 55 anos de carreira. A apresentação é de Ferreira Gullar e a edição de Paulo Bertoni. Assim passou-se a ter um importante documento de seu itinerário. 

Entre 2007 e 2008, Bianchetti se dedica a um projeto para a sua cidade natal. Em Bagé existe uma fazenda com construções do final do século 19, cuja história é muito particular e totalmente ligada à cultura, como outras histórias que a cidade tem. Seu dono era um homem esclarecido, que naquela época já se preocupava com a educação de seus empregados. Casado com uma apreciadora de ópera e de teatro, devota de Santa Teresa de Ávila, ele manda edificar um conjunto com igreja, teatro e espaço de educação, tombado como patrimônio cultural, no século 21, com o nome de Centro Histórico da Vila de Santa Teresa. Glenio é convidado a pintar a via Sacra e a imagem de Santa Teresa que ficaria no altar central. Ele não hesita em aceitar o encargo e, sendo um artista ligado à vida laica, com pouquíssimas obras que retratavam santos (ele tem algumas pinturas de São Francisco), passou a estudar a vida e obra de Teresa e as tantas versões da via crucis. Para documentar este processo juntou-se ao cineasta Renato Barbieri, que produzia um filme sobre o artista e acompanhou esta epopeia iniciada no ateliê e terminada na capela, a mais de 2.000 quilômetros de distância. Antes de ser colocado em seu local definitivo, o conjunto de 17 telas foi exposto na Galeria da Caixa Cultural em Brasília. Foi editado um livro em lâminas, pela Câmara dos Deputados. O filme de Barbieri foi lançado em 2010, constituindo-se em um documento necessário sobre o artista.

Marília Panitz 

Baixar PDF. Texto Livro 6.

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